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grupelho na pandemia: onde estou?
Resumo
Eu estou tentando dormir, não conseguindo dormir. Onde estou? Num lugar diferente. Ou de um jeito diferente no lugar de sempre, o que o faz outro lugar. Acordo bem antes do que meu corpo gostaria. Faço uma pergunta difícil de responder: tenho medo? Se tenho
medo, tenho medo de quê? Lave as mãos e quem não tem água, faz o que?
Palavras-chave: quem sou eu - pandemia- confinamento
Eu estou tentando dormir, não conseguindo dormir. Penso no meu pai. Toda noite. Meu tempo de ter saudade. De elaborar. Onde estou? Num lugar diferente. Ou de um jeito diferente no lugar de sempre, o que o faz outro lugar. Acho que estou num transe. Acordo
bem antes do que meu corpo gostaria.
Enquanto tomava o café da manhã escutei os trabalhadores da obra-de-urbanização-não-interrompida, que conversavam na minha janela sobre o coronavírus, o autocarro, os riscos. Faço uma pergunta difícil de responder: tenho medo? Se tenho medo, tenho medo de quê?
Estou um homem sensível. Sou um turbilhão de sentimentos por dia. Meus passos ultimamente são curtos. Poucos. Do quarto pra sala, da sala pra cozinha, da cozinha pro escritório, do escritório pro banheiro, do banheiro pro quarto e por aí vai. Meu gato está sempre ao meu lado. Faz com que eu meça os passos para não tropeçar nele enquanto ando pela casa e o acompanho em suas refeições. Logo eu, que costumo dar passos largos.
Eu estou no presente. Eu não estou no futuro. Eu tento não pensar no futuro, porque o futuro, hoje, não é um bom lugar para se estar. É o que os jornais falam. Então prefiro ficar aqui, no presente.
Às vezes, eu estou no celular, postando bobagens nas redes sociais e lendo bobagens das redes sociais, porque acredito que um pouco de bobagem pode nos salvar. Eu estou em casa, pendurada na janela do meu quarto tentando absorver um pouco da luz do sol de outono.
Penso nos entregadores. Penso no meu privilégio. Dói forte no meu peito pensar que quase a metade da população do Brasil não tem saneamento básico, água potável ou qualquer possibilidade mínima de sobreviver a essa pandemia. Assisto um vídeo, pela manhã, que fala da possibilidade de se testar vacinas no continente africano. Choro.
Olho-me no espelho e sinto vergonha de mim. Excessivamente magra. Pareço fraca. Lavar a maçaneta, ficar nua na lavanderia, tomar banho, separar os sapatos, borrifar com solução de água sanitária. Enfermeiros morrendo, motoboys com as mesmas máscaras usadas mil vezes, fique em casa e quem não tem casa, fica onde? Lave as mãos e quem não tem água, faz o que?
Disseram: esse vírus é democrático, pega em qualquer um. Meu cu. Pega em quem não pode se prevenir, em quem já é doente, cansado, maltratado e que não vai ter bom hospital para ir, em quem tem de trabalhar, em quem não sabe em quem acreditar.
Por enquanto adio de novo a ida ao supermercado, cultivo a vontade de dançar, sonho reencontros. Grata pela força das amizades e do coletivo. Gosto das manifestações artísticas espontâneas. Descobri o que é o amor recentemente. Agora sei que é melhor ficar sozinha do que ficar com alguém que você não ama.
Semana passada sonhei que perdi todos meus objetos em um bar no centro e andava de cueca pelo centro da cidade. Uma sensação horrorosa de ter perdido coisas e estar exposto. De onde estou agora, respiro ofegante. Preciso correr. Mas, por ora, ando. E crio espaço. Faço poesia. Com o corpo que sou. Num desabafo, respiro o cansaço de uma alma que anseia correr. Estou cansada. A meditação online está ajudando a ter saúde mental. A automassagem que o Vini ensinou também ajudou. Paro. Respiro. Bebo um vinho, uma cerveja, um gim, uma cachaça. Sou alcoolista. Paro. Respiro. Cozinho. Às vezes tenho insônia, outras não. Paro. Respiro. Faço café. Faço chá. Durmo. Acordo.
Quero ficar só na coragem mesmo. Quero tomar isso como pista. O que, de mim, eu preciso ter coragem pra dizer? Dizer pra quem? Buda não diria nada. Sempre todo mundo está preso nos olhos dos outros, nas suas concepções, miopias e linces. Tenho sido os retalhos de minhas vivências.
Vocês não sabem, mas já tive um misterioso talento para piano - que suprimi, por medo de não saber de onde vinha. Onde estou, a escrita não acompanha a velocidade do pensar. Ainda não sei o que me proporcionarão essas últimas vivências. Ultimamente, tenho acreditado nas pessoas tão mais distantes elas se encontram do poder. Acima de tudo, confio em meus colegas de trabalho. São operários como eu. Labutam diariamente pela sobrevivência num tempo em que todos os dias a morte é propagada.
A música que nos move - nós que não sabemos ou não podemos dançar nessa vida - é um desejo de expansão, de chuva, cujos raios eletrizam nossa relação com o passado, com a história, com o que éramos, com o que somos.
Um vírus não é um animal, sabia? Como as bactérias? Não, não é não. Ele é só uma capsula que quer viver e se reproduzir, é uma capsula vazia procurando recheio. Eu estou aqui. Eu estou aqui. Eu estou aqui. Eu estou aqui.
Referências
ANZALDÚA Glória. Falando em línguas: uma carta para mulheres escritoras do terceiro mundo. Estudos Feministas. CFH/UFSC. Vol. 8, ano 1, 2000.
DELEUZE Gilles. Aula sobre Spinoza. Cours Vincennes, 24/01/1978. Tradução Luiz Guilherme Fonseca. Disponível em
https://issuu.com/luizguilhermefonseca/docs/deleuze_-_aula_espinosa.docx . Acessado em 29/09/2020.
DELEUZE Gilles; GUATTARI Félix. Devir-intenso, devir-animal, devir-imperceptível. Mil Platôs vol. 4. Tradução Suely Rolnik. São Paulo: ed. 34, 1997.
FERRAZ Maria Cristina F. Breve diário pandêmico. São Paulo: n-1 edições, 2020. Textos Pandemia Crítica.
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LATOUR Bruno. Imaginar gestos que barrem o retorno da produção pré-crise. Tradução de Deborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro. São Paulo: n-1 edições, 2020. Textos Pandemia Crítica.
MIZOGUCHI Danichi H.; PASSOS Eduardo. Epidemiologia política. São Paulo: n-1 edições, 2020. Textos Pandemia Crítica.
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SAFATLE Vladimir. Bem vindo ao estado suicidário. São Paulo: n-1 edições, 2020. Textos Pandemia Crítica.
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SENRA Stella. O Haiti é aqui, o Haiti não é aqui. São Paulo: n-1 edições, 2020. Textos Pandemia Crítica.